Foi então que me deu vontade de voltar e tive a feliz idéia de convidar um amigo quase vizinho aqui do Parque, Temos mais ou menos o mesmo temperamento e interesses . Foi assim que marcamos para a próxima segunda , que foi hoje , às 8,30 em ponto. Foi, exatamente, assim que aconteceu. Nesse horário, para fugir do tráfego intenso , fui me enfiando por vias conhecidas e , na prática, criando atalhos que me economizaram bastante tempo.
Ao chegar, a primeira parada foi em frente ao ancoradouro dos barcos . Barcos de todos os tipos. Yachts, saveiros transformados em escunas, catraias , um verdadeiros paliteiro de mastros uns bem mais altos que outros . Bem pertinho do Clube dos Saveiros que, na realidade, existem poucos , na máximo uns 7, segundo dizem. Os saveiros eram barcos que emprestavam muita poesia à Baía de todos os Santos e eram eles que movimentavam a economia baiana em outros tempos levando e trazendo produtos do recôncavo. As auto-estradas, decretaram a morte de tal meio de transporte. Somente uns poucos felizardos como eu podem se lembrar do espelho de águas azuis reluzindo ao sol tropical , com saveiros trafegando em todos os sentidos , embora o vent soprasse numa se só direção , e o congestionamento deles na Rampa do Mercado Modelo e na Feira de Água de Meninos.
Bem eu estava dizendo que já havíamos chegado à Ribeira. O meu amigo , que nem pode imaginar comida por perto, me perguntou sobre uma famosa sorveteria, se ainda existia. Claro, existe e tanto existe que ele se pagou um belo sorvete não sei de que,que ia lambendo enquanto nos endereçávamos para estação de embarque da lancha que nos transportaria para o outro lado do braço de mar . Ouvi um som, apenas um som , pronunciado por uma das quatro pessoas que haviam terminado de descerem de um táxi . Virei-me e perguntei : italiani ? Si, me responderam . Deu para conversar um pouquinho.
Fizemos um pouco de hora , tomamos a embarcação das 10,10 .
Em alguns poucos minutos estávamos desembarcando no terminal do outro lado, onde iríamos ter pouco tempo. A embarcação de volta zarparia às 10,35 . Passeamos, fizemos fotos e resolvemos explorar uma passarela que cobre as linhas de trens. Pura esculhambação, como tudo que está acontecendo em Salvador. Não há manutenção de nada em parte alguma . O próprio trem que sai de Paripe só chega até Plataforma porque a ponte de ferro que acompanha os trilhos desde a estação principal na cidade, está interditada e em risco de desabar. Ou seja, quer dizer. Eu, que a conheço, no mínimo há 70 anos, nunca tomei conhecimento, de que tenham feito uma manutenção numa ponte que deve, no mínimo, ser centenária. Um belo presente de grego que o governo federal passou para a prefeitura, de uma prefeitura que não anda bem sobre as pernas, sob a alegação de que a linha só serve a localidades do subúrbio...
Enquanto isso, o metrôzinho não sai...
Bem, nos distraímos com fotos e olhando a movimentação quando, da lancha, surgiu o primeiro apito. O amigo se movimentou e foi na minha frente mas como tudo aqui é mesmo na base do “ mermão” , o pessoal da lancha esperou que eu chegasse. Do outro lado, apanhei o carro para realizar o retorno mas por um caminho diferente , e fomos parar no Forte de Monte Serrat , também montado sobre um promontório elevado e dominando uma bela paisagem da Baía de Todos os Santos, um mar verde e calmo, com dezenas de navios ancorados, divisando-se algumas ilhas, predominando a ilha de Itaparica e um lindo visual da cidade e seus edifícios na parte de Salvador.
Adivinhem quem encontrei ? Se disseram : o mesmo grupo de italianos, acertaram ! Nem eu nem eles estávamos para muita conversa, embora tivessem sido gentis e simpáticos.
Ficamos pouco tempo por lá e rumamos de volta, com sorte, porque não tivemos problemas no tráfego . Deu para chegar na hora do almoço. O companheiro estava com o estômago forrado por aquele baita sorvete que pegou na sorveteria mais antiga da cidade e especializada em sorvetes de frutas , ao natural, é preciso que eu diga. Mas eu não...e ainda tive que esperar cozinhar o macarrão !
O passeio foi mais uma desculpa para matar o tempo e, de certa forma , mesmo sentimental. Costumava fazê-lo com o meu avô , só que atravessando o braço de mar em canoa. Hoje tínhamos motor . Foi engraçado, que o meu companheiro a quem vou me referir como Cris ,
perguntou ao piloto: esse barco só tem um motor ? Ele respondeu que sim e eu acrescentei: se falhar, a gente empurra !...
Será que ele estava com medo ?
Sarnelli em 16.08.2010