domingo, 30 de agosto de 2009

Bela, a natureza, não ?


Beira de praia, colônia de pescadores da Mariquita, no Rio Vermnelho - Veja o verde !



Postando matéria publicada no Blog do Rio Vermelho , reproduzindo uma publicação da revista biográfica “ Crônica de los tiempos “... Para refletir mesmo e praticar – divulgue a idéia da preservação...

Domingo, 30 de Agosto de 2009

Para refletir

CARTA ESCRITA EM 2070 DC
Documento extraído da revista biográfica "Crónicas de los Tiempos" de abril de 2002.
Um exercício de imaginação, que está para além da ficção. Preocupante por vermos que diariamente se desperdiça um recurso tão importante e que não é inesgotável.
Ano 2070. Acabo de completar 50 anos, mas a minha aparência é de alguém com 85. Tenho sérios problemas renais porque bebo muito pouca água. Creio que me resta pouco tempo. Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade. Recordo quando tinha cinco anos. Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro... Agora usamos toalhas de azeite mineral para limpar a pele. Antes, todas as mulheres mostravam as suas formosas cabeleiras. Agora, devemos rapar a cabeça para a manter limpa sem água.
Antes, o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira. Hoje, os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam CUIDA DA ÁGUA, só que ninguém lhes ligava - pensávamos que a água jamais podia acabar. Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aqüíferos estão Irreversivelmente contaminados ou esgotados. Antes, a quantidade de água indicada como ideal para beber eram oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo e tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado já que as redes de esgotos não se usam por falta de água. A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele provocadas pelos raios ultravioletas que já não tem a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera. Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados. A indústria está paralisada e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-nos em agua potável os salários. Os assaltos por um bidão de água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética. Pela ressequidade da pele, uma jovem de 20 anos está como se tivesse 40. Os cientistas investigam, mas não parece haver solução possível. Não se pode fabricar água, o oxigênio também está degradado por falta de árvores e isso ajuda a diminuir o coeficiente intelectual das novas gerações.
Alterou-se também a morfologia dos espermatozóides de muitos indivíduos e como conseqüência há muitos meninos com insuficiências, mutações e deformações. O governo cobra-nos pelo ar que respiramos (137 m3 por dia por habitante adulto). As pessoas que não podem pagar são retiradas das "zonas ventiladas". Estas estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam a energia solar. Embora não sendo de boa qualidade, pode-se respirar. A idade média é de 35 anos. Em alguns países existem manchas de vegetação normalmente perto de um rio, que é fortemente vigiado pelo exercito. A água tornou-se num tesouro muito cobiçado - mais do que o ouro ou os diamantes. Aqui não há arvores, porque quase nunca chove e quando se registra precipitação, é chuva ácida. As estações do ano tem sido severamente alteradas pelos testes atômicos.
Advertiam-nos que devíamos cuidar do meio ambiente e ninguém fez caso. Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem descrevo o bonito que eram os bosques, lhe falo da chuva, das flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse, o saudável que era a gente, ela pergunta-me: Papá! Porque se acabou a água? Então, sinto um nó na garganta; não deixo de me sentir culpado, porque pertenço à geração que foi destruindo o meio ambiente ou simplesmente não levamos em conta tantos avisos. Agora os nossos filhos pagam um preço alto e sinceramente creio que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco tempo porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível.
Como gostaria voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto, quando ainda podíamos fazer algo para salvar ao nosso planeta terra! ( texto sugerido e enviado por Luisa Talento para esse domingo em que uma árvore foi preservada no bairro)

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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Conversa ouvida no ônibus...


Esta imagem nada tem a ver com o texto. Está aqui apenas para ilustrar a postagem



Ao pé do ouvido, no ônibus

Eu havia tomado um ônibus no terminal da praça da Sé e estava sentado na segunda fila do lado direito aguardando que o motorista e o cobrador terminassem de fazer o horário , para sair. Logo, logo , saímos e tomamos a direção da Carlos Gomes. No primeiro ponto de parada subiu uma senhora de idade, que passou por mim reclamando a falta de educação do motorista. Por alguns minutos , ela e o passageiro que já estava no banco quando ela chegou, estiveram calados , porém começaram uma conversa que eu não pude deixar de ouvir. Tenho boa audição e, segundo, porque o assunto começou a me interessar e comecei a ouvir o homem reclamando que, da cidade à Pituba , há mendigos saindo pelo ladrão e assaltantes também...

A senhora, ingenuamente , se manifestou no sentido de que o governo deveria criar um trabalho para toda essa gente . Foi a sua opinião que destravou a língua do seu companheiro de viagem , que continuou...olha, eu tenho uma conhecida que , uma tarde, passando por um certo lugar da cidade , se deparou com uma pedinte e três crianças deitadas sobre o passeio. Imediatamente, uma delas lhe chamou atenção e, apesar de estar com uma aparência bastante desagradável e demonstrando maus tratos, era bonita. A minha amiga, continuou o passageiro , perguntou se a criança queria ir morar com ela e à mãe, se deixava . A garota respondeu que sim e a mãe também. Estaria se livrando, pelo menos , de uma parte dos seus problemas. A conversa , atrás , continuava entrando pelo meu ouvido direito, enquanto ele explicava que a sua amiga era uma viúva, com filhos crescidos e formados , portanto que tinha condições de ficar com a menina e dar-lhe uma vida digna. Continuou ele: no dia seguinte, às cinco horas da tarde, ela iria buscar a criança. Dito e feito!

A primeira coisa que aconteceu quando chegaram em casa foi um belo banho, secar e pentear os cabelos e trocar de roupa por um vestidinho comprado às pressas , durante o dia . Jantaram, viram um pouco de televisão e a criança foi colocada para dormir numa cama limpa , enquanto a senhora permaneceu na sala com os seus pensamentos e avaliando se havia ou não feito um bem. Mas a noite passou. Um bom café , uma saidinha para um shopping para comprar mais algumas roupinhas e outras coisas que a criança necessitaria . A menina foi , de logo, matriculada numa escola perto de casa. Ela havia encontrado uma nova vida, uma avó que cuidava dela , tinha tudo o que não imaginava ter, e a promessa , quem sabe a possibilidade , de um futuro. Parecia outra , pois havia recuperado, em parte, a saúde perdida naquela vida de rua cheia de privações em baixo de sol e chuva. A menina estava renovada e se tornara mais bonita ainda . A senhora estava feliz e até pensando que havia feito bem , quando lhe veio a surpresa . Não havia ainda passado dois meses, quando a garota disse-lhe que não queria ficar mais, que não estava gostando daquela vida e que queria voltar para o lugar de onde viera ! ....Bem, o ônibus chegou ao meu ponto no Rio Vermelho, tive que descer e deixar que os dois continuassem conversando pelo resto da viagem . Mas dá para imaginar o final... Infelizmente, este pessoal acostumado com vida de rua, não se acomoda mesmo no seio de uma família. Caso idêntico aconteceu com uma garota aqui na minha rua , que foi levada para uma cidade do interior, tinha tudo o que precisava , mas, meses depois , reapareceu para continuar aquela vida miserável , engravidando todos os anos...

O mesmo caso de um senhor que se diz cigano e que fala ou falava , porque tem muito tempo que não o vejo , um português com sotaque espanhol , mas diz que nasceu na Áustria... Já foi levado diversas vezes para abrigos , de onde escapou para viver nas sinaleiras, dormindo sobre papelões sobre passeios ou mesmo nos bancos ou na grama da pracinha...

Sarnelli 14.08.2009