domingo, 27 de setembro de 2009

Respeitem a capoeira !


Por Sarnelli

Esta manhã fiz o que sempre faço todos os domingos Saí... e o ônibus me levou para o Farol da Barra !

Aquela área em frente ao Ed.Oceania e parte da Av.Getúlio Vargas (Oceânica ) é transformada em espaço de lazer todos os domingos.

Quando cheguei, o que me chamou a atenção foi um grupo de meninos fazendo uma exibição de capoeira, mas o que me estarreceu foi o professor se adiantar e fazer um pronunciamento , dizendo que não
aparecerá mais por lá, porque não deseja incomodar... O Professor é o Mestre Aristides , que dá assistência à um grupo de crianças carentes que estavam se exibindo , infelizmente, no mesmo espaço e sob a mesma sombra que o edifício Oceânia projetava e onde havia um grupo de moradores da Barra se exercitando e mandou o professor parar a sua exibição , porque " estava incomodando"... a concentração !

Claro que o Mestre Aristides se sentiu constrangido e, por isso, preferiu desistir do pedaço, coisa que eu não teria feito.

Mas, ao analisar o ocorrido, cria-se uma interrogação. Por que os moradores da Barra , ocupando o mesmo espaço público, têem o topete de mandar parar uma exibição de uma luta tradicional , nascida no seio do nosso povo e que merece ser incrementada , face aos resultados sociais que ela consegue junto às crianças carentes , para praticar ginástica e ritos típicamente orientais ?

Por que não vão praticar oTai-chi-chuan numa academia ou procuram outro lugar e respeitam a nossa capoeira ? O pessoal da Barra fez muito mal ! No mínimo, é falta de consciência e de cidadania.

Um constrangimento que provocaram , o que não deixa de ser uma vergonha !

A minha sugestão é que peçam apoio da Transalvador e adotem o sábado para esta prática.

Deixem os meninos e a capoeira em paz !

quinta-feira, 17 de setembro de 2009


















Dia de mar batendo no Rio Vermelho - Esta foto não tem nada a ver com o texto - está aqui apenas a título ilustrativo.

Texto autorizado para publicação integral , pelo autor, Cristiano Teixeira.






O jardim dos Amados.

Outro dia, fiz para o almoço uma de minhas especialidades culinárias. Um suculento sanduiche de pão integral assado em meu forno, presunto com queijo, tomate e alface americana, aquela que parece um repolho e suas folhas são crocantes como o beijú. Não uso presunto de verdade, e sim aquilo que o fabricante orgulhosamente chama de "presunto de peito de peru light". Ele anuncia aos quatro cantos que é saudável, e eu faço as pazes com a minha consciência pois, estou finalmente cuidando de minha saúde. Depois de montar minha criação gastronomica, coloquei-a num prato sobre a janela que dá para o jardim, enquanto fui até a cozinha procurar por alguma bebida que combinasse com a iguaria. Ao voltar com o copo cheio de chá gelado, o sanduiche não estava mais lá. Simplesmente havia sumido como por um encanto. Só deixaram o prato e nada mais. Como só havia eu em casa, aquele súbito desaparecimento tomora o contorno de um caso de mistério. Eu poderia jurar a mim mesmo que eu havia feito um sanduiche e o colocado por alguns minutos sobre a janela. Dei a volta pela porta da sala até o jardim para ter uma melhor perspectiva daquele intrigante mistério e, quem sabe até, desvendá-lo. Não tive trabalho para matar a charada. Por um galho do nosso mirrado pé de pinha, um sagüi fugia levando o meu almoço!

Tornou-se comum, nos últimos tempos, o aparecimento desses macaquinhos cinza rajado pelas vizinhanças do bairro em busca de alimento. Felizmente são eles, e não aqueles ursos pretos que invadem os quintais das casas nos subúrbios americanos, atrás de comida. A tia de um amigo, moradora das vizinhanças, se queixou que um cacho de bananas sumira de sua varanda. Bananas sempre estiveram associadas à macacos, mas nunca ouvi falar que eles também apreciassem sanduiche de presunto de peito de peru light.

Soa até simpático se falar de macaquinhos que nos visitam pela janela e roubam a nossa comida. A estória ganha contornos de uma fábula bucólica que acontece em plena zona urbana. Mas a verdade para isto estar acontecendo não tem nada de encantamento. É que puseram abaixo a moradia destes bichinhos e, em seu lugar, ergueram-se arranha-céus de luxo e gosto duvidoso. Sem lugar para morar e encontrar comida, eles aparecem aos bandos às nossas janelas roubando os nossos suculentos sanduiches de peito de peru light e cachos de bananas maduros comprados na barraca do crente alí no canal. Desde que a especulação imobiliária arrasou com o Horto Florestal e adjacências, os animais que tinham lá a sua moradia desde os tempos da Criação, passaram a procurar refúgio do lado de cá, invadindo o nosso espaço. Além dos delicados sagüis, tem aparecido por aqui jandaias, pica-paus e outros bichinhos do mato.

Não tenho nada contra animais deste tipo, e até preso a sua presença. Mas acho que eles devam habitar o seu lugar natural que é o meio do mato. Enfim, cada macaco em seu galho. É lá que eles estão mais seguros e aonde eles pertencem. Acho que se eu fosse morar no mato eu seria considerado um intruso e, com certeza, não me sairia tão bem lá como aqui no meio do concreto e dos automóveis. Não deixei de ficar me perguntando onde eles estariam se refugiando agora que o Horto e adjacências haviam sido invadidos pelas construtoras. Eles vêem até as nossas casas, pegam comida e depois vão para onde? Não tornei disto outro caso de mistério, como o desaparecimento do meu almoço mas fiquei com a puga atrás da orelha.

Foi outro dia ao visitar Pedrão, amigo de infância desde os tempos de escola, que tive a minha curiosidade plenamente satisfeita. Morador de sempre da rua Alagoinhas, teve sorte de ser vizinho do querido Jorge Amado. Era um final de tarde e ficamos na varanda de sua casa jogando conversa fora e tomando uma limada gelada. O sol já tinha desaparecido por detrás das casas e quando finalmente mergulhasse no oceano, deixaria tudo às escuras. Mas ainda era dia. Enquanto conversávamos, notei uma movimentação de sangüis andando pelos fios da rede elética como esquilibristas da morte se achegando para aquelas bandas.

- A esta hora eles vão todos para o jardim de Jorge Amado. – disse Pedro satisfazendo a minha curiosidade. – Os pica-paus, jandaias e outros pássaros também passam lá a noite.

Para quem nunca teve a satisfação de um dia entrar na casa de Jorge Amado, sua melhor descrição possível são as palavras conforto e simplicidade. Nada de luxo para quem já varreu o mundo afora e conheceu palácios suntuosos. A decoração da casa é despojada e não obedece nenhuma lógica estética dos profissionais da arte de arrumar os móveis. É composta de objetos de cultura popular de todas as partes do mundo e obras de arte presentedas por queridos amigos artistas. O telhado da casa é de telha-vã como só se vêem nas casas de fazenda antigas ou habitações simples do interior. Mas o que mais impressiona é o seu jardim, enorme. O jardim dos Amados é uma pequena reserva ecológica nas vizinhanças, com árvores de tudo quanto é tipo. Parece uma mata virgem e selvagem. Isto porque, Jorge sempre se opôs à podação de suas árvores, preferia deixá-las crecer e se expandir conformes os mandos da natureza. Não é à toa que seu jardim mais pareça uma porção da mata de onde os macaquinhos foram expulsos pelas construtoras, razão pela qual eles são atraídos para lá feito formigas em açucareiro. É neste jardim também onde as cinzas de Jorge e Zélia foram depositas, à sombra da velha mangueira onde costumavam namorar sentados de mãos dadas sobre um banco de alvenaria. Jorge Amado gostava de bichinhos, por isso, acho que não é mera concidencia que eles sejam atraídos pela hospitalidade que sempre foi uma caracteristica do número 33 da rua Alagoinhas.

Rio Vermelho, 15 de setembro de 2009.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Não dá para acreditar ! É isso que a turma faz ?




Como não tenho, pelo menos uma foto de um deputado Federal, prefiro colocar uma imagem da Baía de Todos os Santos para ilustrar esta postagem . O marco que aparece na foto , está no local em que o navegador italiano Amerigo Vespucci colocou o primeiro , tomando posse da terra descoberta em favor da coroa portuguesa.





Câmara dos Deputados Federais – Brasília

Assunto: vejam isso - Você vai ficar maravilhado !...
Enviada: 31/08/2009 19:07


A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou, nas duas últimas semanas, 60 projetos de lei que instituem novas datas comemorativas no calendário oficial brasileiro. As propostas são de autoria da Câmara e do Senado, e tramitam em caráter conclusivo. Confira as datas que foram aprovadas:

Janeiro:
20/01 - Dia Nacional da Parteira Tradicional - PL 3308/04, da deputada Rose de Freitas (PMDB-ES);
28/01 - Dia e Semana Nacional de Combate ao Trabalho Escravo - PL 3536/08, do Senado Federal;

Fevereiro:
06/02 - Dia Nacional do Reggae - PL 3260/08, do deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF);
24/02 - Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil - PL 4765/09, da deputada Sueli Vidigal (PDT-ES);

Março:
16/03 - Dia Nacional do Ouvidor - PL 764/07, do deputado Geraldo Thadeu (PPS-MG);
26/03 - Dia Nacional do Engenheiro Industrial Madeireiro - PL 5091/05, do deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR);

Abril:
17/04 - Dia Nacional de Conscientização da Hemofilia - PL 677/07, do deputado Paulo Roberto Pereira (PTB-RS);
19/04 - Dia Nacional do Poeta - PL 770/07, do deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE);

Maio:
1ª semana do mês - Semana de Prevenção do Aborto - PL 343/99, do deputado Chico da Princesa (PR-PR);
08/05 - Dia Nacional do Turismo - PL 130/07, do deputado Max Rosenmann (falecido);
08/05 - Dia Nacional das Hemoglobinopatias - PL 3373/08, do deputado Guilherme Campos (DEM-SP);
13/05 - Dia da Polícia Militar - PL 250/03, do deputado Alberto Fraga (DEM-DF);
23/05 - Dia do Seresteiro - PL 2135/07, da deputada Andreia Zito (PSDB-RJ);
24/05 - Dia Nacional do Calcário Agrícola - PL 3593/08, do deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS);
24/05 - Dia Nacional do Milho - PL 2959/08, do deputado Paulo Piau (PMDB-MG);

Junho:
1ª semana do mês - Semana Nacional de Conscientização por um Consumo Sustentável - PL 3459/08, do deputado Chico Lopes (PCdoB-CE);
03/06 - Dia Nacional da Educação Ambiental - PL 769/07, do deputado Angelo Vanhoni (PT-PR);
05/06 - Dia Nacional da Reciclagem - PL 2515/07, do Senado Federal;
09/06 - Dia Nacional do Cipeiro - PL 5310/05, do deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA);
18/06 - Dia do Tambor-de-Crioula - PL 1677/07, do deputado licenciado Gastão Vieira (PMDB-MA);
26/06 - Dia Nacional da Consciência do primeiro voto - PL 3.086/08, da deputada Cida Diogo (PT-RJ);
27/06 - Dia do Quadrilheiro - PL 2207/07, do deputado Nilmar Ruiz (DEM-TO);
29/06 - Dia do Pescador Amador - PL 2670/07, do Senado Federal;

Julho:
08/07 - Dia dos Trabalhadores em Massas Alimentícias - PL 7402/06, do deputado Antônio Carlos Biffi (PT-MS);

Agosto:
01/08 - Dia Nacional dos Portadores de Vitiligo - PL 1940/07 da deputada Solange Almeida (PMDB-RJ);
09/08 - Dia Nacional da Equoterapia - PL 2069/07, do Senado Federal;
12/08 - Dia Nacional de Direitos Humanos - PL 2871/04, da deputada Rose de Freitas (PMDB-ES);
19/08 - Dia da Integração Jurídica Latino-Americana - PL 4044/08, do Senado Federal;
28/08 - Dia Nacional em Homenagem às Vítimas do Regime Militar de 1964 a 1985 - PL 2239/07, da deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM);

Setembro:
13/09 - Dia Nacional de Luta dos Acidentados por Fontes Radioativas - PL 2390/07, do deputado Edson Duarte (PV-BA);
16/09 - Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose - PL 3176/08, do deputado Rodovalho (DEM-DF);

Outubro:
04/10 - Dia Nacional do Paisagista - PL 2036/07, do deputado Jilmar Tatto (PT-SP);
04/10 - Dia Nacional dos Agentes de Combate às Endemias - PL 2109/07, do deputado Valtenir Pereira (PSB-MT);
10/10 - Dia da Guarda Municipal - PL 2070/07, do Senado;
10/10 - Dia Nacional do Motorista de Ambulância - PL 1623/07, do deputado Gervásio Silva (PSDB-SC);
10/10 - Dia Nacional Dedicado à Segurança e Saúde nas Escolas - PL 1818/07, da deputada Cida Diogo (PT-RJ);
16/10 - Dia Nacional da Alimentação - PL 5252/05, do Senado Federal;
A partir do dia 16/10 - Semana Nacional do Feijão e Arroz - PL 1488/07, do deputado Adão Pretto (falecido);
17/10 - Dia Nacional da Música Popular Brasileira - PL 1852/03, do deputado Fernando Ferro (PT-PE);
21/10 - Dia Nacional de Valorização da Família - PL 3905/08, do deputado Leandro Sampaio (PPS-RJ);
23/10 - Dia do Alerta sobre o Uso Nocivo do Álcool - PL 857/07, do deputado Neilton Mulim (PR-RJ);
25/10 - Dia Nacional do Macarrão - PL 3738/04, do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR);
26/10 - Dia do Movimento Pestalozziano no Brasil - PL 2518/07, do Senado Federal;
26/10 - Dia Nacional do Tropeiro - PL 2948/04, do deputado Max Rosenmann (falecido);
27/10 - Dia Nacional de Luta pelos Direitos das Pessoas com Doenças Falciformes -PL 3940/08, do Senado Federal;
29/10 - Dia Nacional dos Trabalhadores em Radiologia - PL 5540/05, do ex-deputado Ary Kara;

Novembro:
03/11 - Dia Nacional do Quilo - PL 2992/04, do deputado Carlos Santana (PT-RJ);
2ª semana do mês - Semana Nacional de Educação, Conscientização e Orientação sobre a Fissura Lábio-Palatina - PL 339/07, do deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP);
10/11 - Dia do Intensivista - PL 6367/05, do deputado Rafael Guerra (PSDB-MG);
12/11 - Dia Nacional do Inventor - PL 3271/00, do Senado Federal;
16/11 - Dia Nacional de Atenção à Dislexia - PL 929/07, do deputado Milton Monti (PR-SP);
23/11 - Dia Nacional do Engenheiro Eletricista - PL 3984/04, do Senado Federal;
3º domingo do mês - Dia Nacional de Conscientização do Estresse - PL 3555/08, do deputado Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS);
30/11 - Dia de Celebração da Amizade Brasil-Argentina - PL 3284/08, do Senado Federal;

Dezembro:
07/12 - Dia Nacional da Silvicultura - PL 3975/08, do deputado José Santana de Vasconcellos (PR-MG);
09/12 - Dia Nacional do Frevo - PL 79/07, da deputada Ana Arraes (PSB-PE);
10/12 - Dia Nacional do Sociólogo - PL 3760/08, do deputado Chico Alencar (Psol-RJ);
10/12 - Dia da Inclusão Social - PL 3942/08, do Senado Federal;
13/12 - Dia Nacional da Vaquejada - PL 2655/07, da ex-deputada Jusmari Oliveira;
25/12 - Dia Nacional da Fé Cristã - PL 3313/08, do deputado licenciado Costa Ferreira (PSC-MA);

Da Redação/JPJ



(Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara')

Agência Câmara

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Trabalho valioso, certamente ! Como foi que eles arranjaram tempo para tanta coisa ?...


domingo, 30 de agosto de 2009

Bela, a natureza, não ?


Beira de praia, colônia de pescadores da Mariquita, no Rio Vermnelho - Veja o verde !



Postando matéria publicada no Blog do Rio Vermelho , reproduzindo uma publicação da revista biográfica “ Crônica de los tiempos “... Para refletir mesmo e praticar – divulgue a idéia da preservação...

Domingo, 30 de Agosto de 2009

Para refletir

CARTA ESCRITA EM 2070 DC
Documento extraído da revista biográfica "Crónicas de los Tiempos" de abril de 2002.
Um exercício de imaginação, que está para além da ficção. Preocupante por vermos que diariamente se desperdiça um recurso tão importante e que não é inesgotável.
Ano 2070. Acabo de completar 50 anos, mas a minha aparência é de alguém com 85. Tenho sérios problemas renais porque bebo muito pouca água. Creio que me resta pouco tempo. Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade. Recordo quando tinha cinco anos. Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro... Agora usamos toalhas de azeite mineral para limpar a pele. Antes, todas as mulheres mostravam as suas formosas cabeleiras. Agora, devemos rapar a cabeça para a manter limpa sem água.
Antes, o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira. Hoje, os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam CUIDA DA ÁGUA, só que ninguém lhes ligava - pensávamos que a água jamais podia acabar. Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aqüíferos estão Irreversivelmente contaminados ou esgotados. Antes, a quantidade de água indicada como ideal para beber eram oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo e tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado já que as redes de esgotos não se usam por falta de água. A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele provocadas pelos raios ultravioletas que já não tem a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera. Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados. A indústria está paralisada e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-nos em agua potável os salários. Os assaltos por um bidão de água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética. Pela ressequidade da pele, uma jovem de 20 anos está como se tivesse 40. Os cientistas investigam, mas não parece haver solução possível. Não se pode fabricar água, o oxigênio também está degradado por falta de árvores e isso ajuda a diminuir o coeficiente intelectual das novas gerações.
Alterou-se também a morfologia dos espermatozóides de muitos indivíduos e como conseqüência há muitos meninos com insuficiências, mutações e deformações. O governo cobra-nos pelo ar que respiramos (137 m3 por dia por habitante adulto). As pessoas que não podem pagar são retiradas das "zonas ventiladas". Estas estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam a energia solar. Embora não sendo de boa qualidade, pode-se respirar. A idade média é de 35 anos. Em alguns países existem manchas de vegetação normalmente perto de um rio, que é fortemente vigiado pelo exercito. A água tornou-se num tesouro muito cobiçado - mais do que o ouro ou os diamantes. Aqui não há arvores, porque quase nunca chove e quando se registra precipitação, é chuva ácida. As estações do ano tem sido severamente alteradas pelos testes atômicos.
Advertiam-nos que devíamos cuidar do meio ambiente e ninguém fez caso. Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem descrevo o bonito que eram os bosques, lhe falo da chuva, das flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse, o saudável que era a gente, ela pergunta-me: Papá! Porque se acabou a água? Então, sinto um nó na garganta; não deixo de me sentir culpado, porque pertenço à geração que foi destruindo o meio ambiente ou simplesmente não levamos em conta tantos avisos. Agora os nossos filhos pagam um preço alto e sinceramente creio que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco tempo porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível.
Como gostaria voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto, quando ainda podíamos fazer algo para salvar ao nosso planeta terra! ( texto sugerido e enviado por Luisa Talento para esse domingo em que uma árvore foi preservada no bairro)

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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Conversa ouvida no ônibus...


Esta imagem nada tem a ver com o texto. Está aqui apenas para ilustrar a postagem



Ao pé do ouvido, no ônibus

Eu havia tomado um ônibus no terminal da praça da Sé e estava sentado na segunda fila do lado direito aguardando que o motorista e o cobrador terminassem de fazer o horário , para sair. Logo, logo , saímos e tomamos a direção da Carlos Gomes. No primeiro ponto de parada subiu uma senhora de idade, que passou por mim reclamando a falta de educação do motorista. Por alguns minutos , ela e o passageiro que já estava no banco quando ela chegou, estiveram calados , porém começaram uma conversa que eu não pude deixar de ouvir. Tenho boa audição e, segundo, porque o assunto começou a me interessar e comecei a ouvir o homem reclamando que, da cidade à Pituba , há mendigos saindo pelo ladrão e assaltantes também...

A senhora, ingenuamente , se manifestou no sentido de que o governo deveria criar um trabalho para toda essa gente . Foi a sua opinião que destravou a língua do seu companheiro de viagem , que continuou...olha, eu tenho uma conhecida que , uma tarde, passando por um certo lugar da cidade , se deparou com uma pedinte e três crianças deitadas sobre o passeio. Imediatamente, uma delas lhe chamou atenção e, apesar de estar com uma aparência bastante desagradável e demonstrando maus tratos, era bonita. A minha amiga, continuou o passageiro , perguntou se a criança queria ir morar com ela e à mãe, se deixava . A garota respondeu que sim e a mãe também. Estaria se livrando, pelo menos , de uma parte dos seus problemas. A conversa , atrás , continuava entrando pelo meu ouvido direito, enquanto ele explicava que a sua amiga era uma viúva, com filhos crescidos e formados , portanto que tinha condições de ficar com a menina e dar-lhe uma vida digna. Continuou ele: no dia seguinte, às cinco horas da tarde, ela iria buscar a criança. Dito e feito!

A primeira coisa que aconteceu quando chegaram em casa foi um belo banho, secar e pentear os cabelos e trocar de roupa por um vestidinho comprado às pressas , durante o dia . Jantaram, viram um pouco de televisão e a criança foi colocada para dormir numa cama limpa , enquanto a senhora permaneceu na sala com os seus pensamentos e avaliando se havia ou não feito um bem. Mas a noite passou. Um bom café , uma saidinha para um shopping para comprar mais algumas roupinhas e outras coisas que a criança necessitaria . A menina foi , de logo, matriculada numa escola perto de casa. Ela havia encontrado uma nova vida, uma avó que cuidava dela , tinha tudo o que não imaginava ter, e a promessa , quem sabe a possibilidade , de um futuro. Parecia outra , pois havia recuperado, em parte, a saúde perdida naquela vida de rua cheia de privações em baixo de sol e chuva. A menina estava renovada e se tornara mais bonita ainda . A senhora estava feliz e até pensando que havia feito bem , quando lhe veio a surpresa . Não havia ainda passado dois meses, quando a garota disse-lhe que não queria ficar mais, que não estava gostando daquela vida e que queria voltar para o lugar de onde viera ! ....Bem, o ônibus chegou ao meu ponto no Rio Vermelho, tive que descer e deixar que os dois continuassem conversando pelo resto da viagem . Mas dá para imaginar o final... Infelizmente, este pessoal acostumado com vida de rua, não se acomoda mesmo no seio de uma família. Caso idêntico aconteceu com uma garota aqui na minha rua , que foi levada para uma cidade do interior, tinha tudo o que precisava , mas, meses depois , reapareceu para continuar aquela vida miserável , engravidando todos os anos...

O mesmo caso de um senhor que se diz cigano e que fala ou falava , porque tem muito tempo que não o vejo , um português com sotaque espanhol , mas diz que nasceu na Áustria... Já foi levado diversas vezes para abrigos , de onde escapou para viver nas sinaleiras, dormindo sobre papelões sobre passeios ou mesmo nos bancos ou na grama da pracinha...

Sarnelli 14.08.2009


sexta-feira, 31 de julho de 2009

Mais uma crônica do Reinhard



Esta foto que ilustra esta postagem nada tem a ver com op texto. Ela foi clicada de dentro do Forte de São Marcelo e mostra parte de Salvador, vista do mar.



Os prejuizos que a burocracia causam...

Hoje estou colocando no ar um artigo de um amigo meu , o austríaco mais baiano que conheço , ferrenho defensor das coisas do seu bairro, a Barra , e de qualquer outro , e ainda qualquer coisa a mais que se refira a Salvador. Para quem não identifica o termo “ comércio” usado por Reinhard, esclareço que é a parte baixa da cidade , a mais antiga, boa parte recuperada ao mar , onde funcionou por muito tempo o alto comércio baiano e onde está também o porto marítimo. Com o tempo , as empresas que funcionavam no espaço foram se deslocando para novos centros e os casarões sofrem com o abandono dando vez ao tempo que os vai consumindo. Como são prédios tombados , nada acontece à medida que o tempo vai passando e degradando-se por falta de manutenção e , principalmente, por culpa da burocracia... Lei o desabafo do amigo .


Deterioração do comércio


Não conheço os projetos do pólo hoteleiro na cidade baixa, nem tenho idéia exata do impacto real causado pela ampliação do aeroporto 2 de Julho...

Venho formando opiniões à luz do que presenciei desde quando participei do Conselho Municipal do Meio Ambiente em meados da década de 90.
Lembro do alvoroço dos ambientalistas pelo fato de haver necessidade de mexer com meia dúzia de metros cúbicos de areia para concretizar a Marina da Av. do Contorno.
Votei a favor do projeto e vejo que o espaço ficou bom... até agora...
Na mesma época, um parque aquático instalado na Av. Paralela deveria disponibilizar uma APA, uma área de proteção ambiental prevista no projeto original. Algo que nunca saiu do papel, nunca foi feito. Quem como eu ficou esperando algum estardalhaço por parte dos ambientalistas ou do então secretário do meio ambiente, ficou frustrado. Houve apenas um muxoxo... e olhe lá!

Nos últimos anos pouco mudou! Sei que ainda existem grupos ambientalistas porque alguns são amigos meus. Só por isso. Não por brigarem contra a "desmatança" ao longo da Av. Luis Viana Filho, conhecida por Av. Paralela.
E tome-lhe Alphaville, Betaville, Deltaville... Ômegaville... e os mostradores ultrasensíveis dos novos decibelímetros adquiridos com o dinheiro do contribuinte nem se mexem... Durante todo esse desmatamento comparável ao que acontece nas novas fronteiras agrícolas no Pará e no Mato Grosso, os nossos ambientalistas têm feito um silêncio tamanho que daria para ouvir um pum de uma cotovia!
Agora, que o Aeroporto 2 de Julho precisa ser ampliado, os ambientalistas estão de volta para defender o que caçambeiros costumavam carregar num único dia. É o que me contam os periquitos, cuja revoada se instalou ultimamente nos telhados dos prédios ao longo da Rua 8 de Dezembro... depois de serem expulsos de uma dessas Gamavilles!

Saudosista incorrigivel que sou, gosto de andar pelo bairro do Comércio. O que não gosto é de ver escombros de prédios que outrora conheci altivos e majestosos.
Ai de quem ouse apresentar um projeto de um hotel! Esse alguém será excomungado, trucidado, esquartejado.
A impressão que se tem é: *cair de podre pode! *O que não pode é construir alguma coisa que seja viável! Será isso mais uma maluquice para o meu caderninho comprado lá pela Praça Conde dos Arcos antes de comer um sanduiche de pernil nos meus amigos Manolo e Fernando ou tomar um caldo de feijão no Colon de Juan e Mara, pais do futuro campeão de F-1 Juan Manoel?

Será que um pólo hoteleiro na Península Itapagipana não representaria um beijo na Bela Adormecida para revitalizar uma parte da cidade estagnada há décadas?

Todas essas maluquices me lembram uma canção de um "patrício" meu.
Lembram Eduardo Dusek cantando:"troque o seu cachorro por uma criança pobre...".
Que tal a gente trocar nossas utopias por uma cidade viável e moderna?

Reinhard Lackinger

Postagem autorizada pelo autor Sarnelli

31.07.2009







sexta-feira, 17 de julho de 2009

Sobre os aposentados...

Aqui, a aposentadoria, é um prêmio ou um castigo ?

Todos nós passamos a vida inteira contando, na regressiva, os anos que faltam até que cheguem o mês e o dia da aposentadoria para, finalmente realizarmos alguns sonhos, descansar e curtir a família sem mais a preocupação de termos que seguir aquela rotina de décadas de ida e volta ao trabalho e a obrigatoriedade de conseguir a grana para a manutenção da família. Sonhamos em curtir os netos aproveitando os últimos dias que nos restarão, se chegarmos lá... E, assim, os anos vão passando até que o dia esperado chega e se possa cumprir as formalidades legais para, finalmente, sentir que está afastado daquela vida de trabalhos, de sacrifícios em transportes inadequados, de suportar patrões com pretensões absurdas, mas manda quem pode, quem precisa obedece, e , então, a vida vai rolando, mas chega o dia...

Quando, finalmente, você consegue a liberação para vestir o seu pijama ou a bermuda com o seu tênis modesto e o boné, curtir alguns dias de felicidade que duram pouco, porque uma nova rotina entra logo na sua vida, chega a realidade a ser enfrentada... além do fato de que você já virou comprador de temperos...

Começa que os que já estavam aposentados, vêem ano a ano o seu salário ser achatado, perdendo poder aquisitivo em relação ao mínimo, que tem tido o privilégio de percentuais maiores. Dá para entender essa jogada e também aquela das bolsas... Tudo bem. Mas, este ano, pelo menos até agora, nem sinal de um reajustesinho... Ficou tudo como antes no quartel de Abrantes!... E, o pior, é que nem dá para reagir. Fazer o que, uma Greve? Onde já se viu aposentado fazendo greve? Inusitado, não?...

A aposentadoria começa, então, a ser um castigo, porque, alem de ter de cuidar da própria saúde, ele não está recebendo o salário que recebia quando estava na ativa. Aquele pouco que recebe não dá, para enfrentar custos sempre mais elevados na farmácia e do resto que o dia-a-dia requer. Na prática, o governo toma de novo aquele pouco que dá, obrigando-o a pagar um plano de saúde que não são todos que podem sustentar... e acabam desistindo! Alguns remédios, se conseguem, mas é uma outra novela . Mais filas e ... mais sacrifícios...

O jeito é apertar o cinto cada vez mais... Na verdade, o governo tem toda a responsabilidade, porque, de acordo com a Constituição, Saúde, educação e moradia, são de sua responsabilidade, mas ,cuidar da saúde no SUS, indo para a fila às três da madrugada para pegar uma senha afim de marcar uma consulta, esperando uns 90 dias? E, quem sabe, até mesmo morrer na fila ou antes de chegar o dia da consulta? Se, realmente tiver a sorte de conseguir a consulta, sai de lá com uma receita e sem dinheiro para comprar os remédios... Se ficar, o bicho come, se correr ele pega mesmo.

E, se houver uma greve dos serventuários? Começa tudo de novo? Acabamos de ver a queda de braço entre o governo do estado e a Prefeitura, que inauguraram 12 postos de saúde sem que estivessem funcionando... É brincadeira? Como confiar nos governos?Escutar o que eles dizem que estão fazendo pela televisão? Não esquecer que obedecemos a três deles, é mole? Ah...a educação?Há seis meses que milhares de alunos estão sem aulas... E moradia? Todos estamos sabendo como é difícil se conseguir uma, ainda mais porque a população cresce cada vez mais e as poucas que são construídas não dão conta da produção.

Na prática, o governo toma de novo, tudo o que dá... quando muda a regra no meio do jogo e nos obriga a pagar por um plano de saúde caríssimo e que não cobre todas as eventualidades. Remédios? Terão que ser comprados. Alguns são distribuídos, mas dá um trabalhão danado e é , praticamente, a mesma coisa que você ir para uma fila do SUS. Sabemos que, quem depende do SUS, com a saúde desorganizada como está, está frito...

Não bastasse o governo, ainda temos que nos preocupar quando vamos apanhar o minguado dinheirinho no banco , com os assaltantes que praticam a tal da saidinha bancária... Por sermos idosos , somos as vítimas preferidas dos malandros, que jogam com a vantagem da surpresa e com a nossa quase nenhuma capacidade de reagir devido a idade e mesmo pela inconveniência da reação.

Pensando bem, até que os idosos conquistaram o privilégio de circularem nos ônibus municipais sem pagar as passagens, mas, como nem tudo são flores, precisam enfrentar alguns motoristas que se comprazem em deixá-los nos pontos e ainda se riem disso, além daqueles que são, realmente grosseiros. É claro que há uma gama imensa de motoristas atenciosos. Mas, há outros, no meio deles, que humilham as pessoas que têm os cabelos brancos ou alguma dificuldade para subir naquele degrau alto da porta da frente do veículo.... muitas vezes precisando de uma ajudazinha.

Ah... estava esquecendo algo que talvez possa ser importante. O portador de DNA (Data de Nascimento mais Antiga) ainda pode pagar meia entrada no cinema ou em um eventual espetáculo de teatro...

Se fosse só isto? Mas, finalmente, a constatação mais dolorosa. O indivíduo que alcança uma certa idade passa a não ser mais gente e é esquecido por todos. Toda a experiência preciosa de uma vida, de trabalho, também é descartada pela sociedade atual. Alguns idosos ainda conseguem um “biquinho” numa empresa e servem para pagar contas em bancos, porque, além de não pagarem passagens em ônibus, têm a preferência na fila para quitar uma carrada de faturas que os próprios bancos não deveriam aceitar naquele guichet !...

Todos os governos se omitem em relação aos idosos. Todos, sem exceção (repetindo: não esqueçam que somos governados por três deles), porque não tenho notícias, pelo menos por aqui, na nossa cidade, de uma instituição oficial seja Federal, Estadual ou Municipal que se interesse pelos cidadãos da terceira idade que são lembrados apenas nos anos de eleições. Aí, sim... Aquele votinho de barba e cabelos brancos, tem o mesmo peso do daquele jovem vigoroso de trinta e poucos anos...Vale quanto pesa !

Ah, o detalhe: se o cabeça branca tiver boa tramitação nas repartições públicas, arranja logo um cargo de secretário não sei de que... e fica tudo arranjado !

Mas dar uma assistência, criar algo que possa acolhê-las como pessoas capazes que são, ninguém se lembrou ou não interessou !

Só para lembrar: na Europa, os maiores de idade, merecem o maior respeito por parte das autoridades, que promovem todos os meios necessários para que eles possam ter um resto de vida digno e sobretudo, serem, ainda, úteis para a sociedade, repassando para a geração futura toda a sua experiência. Enquanto isso, pode até se reunir com os amigos, numa sala ou num clube para conversar, jogar um dominó, uma partidinha de cartas, tudo por conta das suas contribuições do passado, e até conseguir uma excursão de férias a preço favorecido e com pagamento facilitado. O cidadão está fora do mercado, sim, mas não é um inútil. Abriu espaço para um outro que veio depois dele, só isso... Não é abandonado pelo estado, goza de respeito, tem saúde e assistência social ...

Vou seguir o conselho que dão aqui quando chega um turista. Lhe dizem :”sorria , você está na Bahia !” . Me esqueci disso! Também de que estou no Brasil... Acho que estou sonhando. Gente, alguém por aí, quer fazer o favor de dar um grito? Me acordem , mas não riam de mim!

Sarnelli

15.07.2009

Sobre os aposentados...

Aqui, a aposentadoria, é um prêmio ou um castigo ?

Todos nós passamos a vida inteira contando, na regressiva, os anos que faltam até que cheguem o mês e o dia da aposentadoria para, finalmente realizarmos alguns sonhos, descansar e curtir a família sem mais a preocupação de termos que seguir aquela rotina de décadas de ida e volta ao trabalho e a obrigatoriedade de conseguir a grana para a manutenção da família. Sonhamos em curtir os netos aproveitando os últimos dias que nos restarão, se chegarmos lá... E, assim, os anos vão passando até que o dia esperado chega e se possa cumprir as formalidades legais para, finalmente, sentir que está afastado daquela vida de trabalhos, de sacrifícios em transportes inadequados, de suportar patrões com pretensões absurdas, mas manda quem pode, quem precisa obedece, e , então, a vida vai rolando, mas chega o dia...

Quando, finalmente, você consegue a liberação para vestir o seu pijama ou a bermuda com o seu tênis modesto e o boné, curtir alguns dias de felicidade que duram pouco, porque uma nova rotina entra logo na sua vida, chega a realidade a ser enfrentada... além do fato de que você já virou comprador de temperos...

Começa que os que já estavam aposentados, vêem ano a ano o seu salário ser achatado, perdendo poder aquisitivo em relação ao mínimo, que tem tido o privilégio de percentuais maiores. Dá para entender essa jogada e também aquela das bolsas... Tudo bem. Mas, este ano, pelo menos até agora, nem sinal de um reajustesinho... Ficou tudo como antes no quartel de Abrantes!... E, o pior, é que nem dá para reagir. Fazer o que, uma Greve? Onde já se viu aposentado fazendo greve? Inusitado, não?...

A aposentadoria começa, então, a ser um castigo, porque, alem de ter de cuidar da própria saúde, ele não está recebendo o salário que recebia quando estava na ativa. Aquele pouco que recebe não dá, para enfrentar custos sempre mais elevados na farmácia e do resto que o dia-a-dia requer. Na prática, o governo toma de novo aquele pouco que dá, obrigando-o a pagar um plano de saúde que não são todos que podem sustentar... e acabam desistindo! Alguns remédios, se conseguem, mas é uma outra novela . Mais filas e ... mais sacrifícios...

O jeito é apertar o cinto cada vez mais... Na verdade, o governo tem toda a responsabilidade, porque, de acordo com a Constituição, Saúde, educação e moradia, são de sua responsabilidade, mas ,cuidar da saúde no SUS, indo para a fila às três da madrugada para pegar uma senha afim de marcar uma consulta, esperando uns 90 dias? E, quem sabe, até mesmo morrer na fila ou antes de chegar o dia da consulta? Se, realmente tiver a sorte de conseguir a consulta, sai de lá com uma receita e sem dinheiro para comprar os remédios... Se ficar, o bicho come, se correr ele pega mesmo.

E, se houver uma greve dos serventuários? Começa tudo de novo? Acabamos de ver a queda de braço entre o governo do estado e a Prefeitura, que inauguraram 12 postos de saúde sem que estivessem funcionando... É brincadeira? Como confiar nos governos?Escutar o que eles dizem que estão fazendo pela televisão? Não esquecer que obedecemos a três deles, é mole? Ah...a educação?Há seis meses que milhares de alunos estão sem aulas... E moradia? Todos estamos sabendo como é difícil se conseguir uma, ainda mais porque a população cresce cada vez mais e as poucas que são construídas não dão conta da produção.

Na prática, o governo toma de novo, tudo o que dá... quando muda a regra no meio do jogo e nos obriga a pagar por um plano de saúde caríssimo e que não cobre todas as eventualidades. Remédios? Terão que ser comprados. Alguns são distribuídos, mas dá um trabalhão danado e é , praticamente, a mesma coisa que você ir para uma fila do SUS. Sabemos que, quem depende do SUS, com a saúde desorganizada como está, está frito...

Não bastasse o governo, ainda temos que nos preocupar quando vamos apanhar o minguado dinheirinho no banco , com os assaltantes que praticam a tal da saidinha bancária... Por sermos idosos , somos as vítimas preferidas dos malandros, que jogam com a vantagem da surpresa e com a nossa quase nenhuma capacidade de reagir devido a idade e mesmo pela inconveniência da reação.

Pensando bem, até que os idosos conquistaram o privilégio de circularem nos ônibus municipais sem pagar as passagens, mas, como nem tudo são flores, precisam enfrentar alguns motoristas que se comprazem em deixá-los nos pontos e ainda se riem disso, além daqueles que são, realmente grosseiros. É claro que há uma gama imensa de motoristas atenciosos. Mas, há outros, no meio deles, que humilham as pessoas que têm os cabelos brancos ou alguma dificuldade para subir naquele degrau alto da porta da frente do veículo.... muitas vezes precisando de uma ajudazinha.

Ah... estava esquecendo algo que talvez possa ser importante. O portador de DNA (Data de Nascimento mais Antiga) ainda pode pagar meia entrada no cinema ou em um eventual espetáculo de teatro...

Se fosse só isto? Mas, finalmente, a constatação mais dolorosa. O indivíduo que alcança uma certa idade passa a não ser mais gente e é esquecido por todos. Toda a experiência preciosa de uma vida, de trabalho, também é descartada pela sociedade atual. Alguns idosos ainda conseguem um “biquinho” numa empresa e servem para pagar contas em bancos, porque, além de não pagarem passagens em ônibus, têm a preferência na fila para quitar uma carrada de faturas que os próprios bancos não deveriam aceitar naquele guichet !...

Todos os governos se omitem em relação aos idosos. Todos, sem exceção (repetindo: não esqueçam que somos governados por três deles), porque não tenho notícias, pelo menos por aqui, na nossa cidade, de uma instituição oficial seja Federal, Estadual ou Municipal que se interesse pelos cidadãos da terceira idade que são lembrados apenas nos anos de eleições. Aí, sim... Aquele votinho de barba e cabelos brancos, tem o mesmo peso do daquele jovem vigoroso de trinta e poucos anos...Vale quanto pesa !

Ah, o detalhe: se o cabeça branca tiver boa tramitação nas repartições públicas, arranja logo um cargo de secretário não sei de que... e fica tudo arranjado !

Mas dar uma assistência, criar algo que possa acolhê-las como pessoas capazes que são, ninguém se lembrou ou não interessou !

Só para lembrar: na Europa, os maiores de idade, merecem o maior respeito por parte das autoridades, que promovem todos os meios necessários para que eles possam ter um resto de vida digno e sobretudo, serem, ainda, úteis para a sociedade, repassando para a geração futura toda a sua experiência. Enquanto isso, pode até se reunir com os amigos, numa sala ou num clube para conversar, jogar um dominó, uma partidinha de cartas, tudo por conta das suas contribuições do passado, e até conseguir uma excursão de férias a preço favorecido e com pagamento facilitado. O cidadão está fora do mercado, sim, mas não é um inútil. Abriu espaço para um outro que veio depois dele, só isso... Não é abandonado pelo estado, goza de respeito, tem saúde e assistência social ...

Vou seguir o conselho que dão aqui quando chega um turista. Lhe dizem :”sorria , você está na Bahia !” . Me esqueci disso! Também de que estou no Brasil... Acho que estou sonhando. Gente, alguém por aí, quer fazer o favor de dar um grito? Me acordem , mas não riam de mim!

Sarnelli

15.07.2009

sábado, 11 de julho de 2009

Os idosos e a gratuidades nos transportes coletivos


Os idosos e a gratuidade nos ônibus urbanos

Uma das vantagens que as pessoas maiores de 65 anos , conseguiram, que me parece ser a única , é o DIREITO a se utilizarem dos transportes coletivos , por enquanto, apenas dos municipais e no perímetro urbano, é , viajarem sem pagar as passagens, entrando pela porta da frente, para não alterar a contagem da catraca . Até aí, tudo bem. Melhor do que nada , alguma coisa já é bom. Aqui em Salvador, existia uma Lei municipal e a Prefeitura fornecia um “ Cartão do idoso “ que deveria ser apresentado ao motorista. Uma Lei federal atropelou a municipal criando a obrigatoriedade da apresentação de qualquer documento com fotografia e o benefício vale em todos o território nacional , bem entendido, nos perímetros urbanos. Feita a Lei, cumpra-se, não é mesmo ?

Mas tem uma quantidade de motoristas que não vêm com bons olhos a presença dos passageiros de idade mais avançada. Ressalvando, naturalmente, aqueles que recebem as pessoas até com um sorriso nos lábios e têm , inclusive , a alguns cuidados . Contrastam com o comportamento de outros que se incomodam com essa classe de passageiros. Na verdade, como a população está envelhecendo, eles são bastantes , circulando pela cidade.

Há motoristas que se comprazem em deixar idosos nos pontos e passam diretos, mesmo tendo visto que ele pediram a parada . O idoso consegue embarcar quando há passageiros que descem no ponto e então dá para aproveitar a parada . Comportamento inadequado de alguns motoristas que até riem da proeza ! Esses elementos se esquecem que, se tiverem sorte, um dia chegarão lá...

E o que lhes importa se a empresa está ou não recebendo o valor da passagem ? Se esquecem de que ele está considerado na planilha de custo que estabelece o valor a cobrar dos usuários do serviço ?Além do mais, o assunto é problema, se for, da empresa proprietária dos transportes. Eles tem mais é que atender as pessoas de idade avançada como manda a Lei. É uma obrigação, e não um favor.

Sarnelli

07.07.2009


Uma crônica do amigo Reinhard


Esta imagem nada tem a ver com o teor da postagem Está aqui para ilustrar a página e mostrar um pouco de Salvador. Nas suas próximas férias apareça por aqui.




Uma crônica do amigo Reinhard

Uma amiga me mandou um e-mail que fala do porquê de nós brasileiros sermos um povo pobre.

O e-mail diz que o Brasil não tem um povo pobre porque é jovem, já que há países bem mais novos com um povo próspero como o Canadá, a Nova Zelândia, a Austrália. Também não é a falta de território, de terra produtiva, nem de riquezas naturais... O que nos falta segundo o tal e-mail é ATITUDE!

Simplório taverneiro que sou, que escolhe pessoalmente cada batata, cada tomate, cada cebola, ando diariamente em supermercado, ficando de bobeira naquela fila única de caixas rápidas.

Depois do tal e-mail , resolvi aproveitar o tempo e observar a "atitude" das pessoas na fila e no caixa. Além de admirar os que fazem do "momento no caixa" um encontro social, puxando papo com a caixa, enquanto os outros esperam... além de admirar as pessoas que desfilam em vez de se dirigir de modo célere ao caixa a fim de fazer a fila andar, além de tudo isso, venho observando a maneira com que as pessoas se desfazem daquelas cestinhas vermelhas que vinham meio chutando, meio empurrando com os pés, esperando a hora de despejar as compras diante da moça no caixa.

Em vez de colocar aquela cestinha num lugar que não atrapalhe quem vem depois, porém ao alcance para que o próximo cliente possa colocar nela a sua cestinha, muitos clientes de supermercado demonstram total falta de consideração para com o próximo, largando a cestinha de qualquer jeito, no meio do caminho, com as alças dobradas para dentro, impedindo assim um encaixe rápido, facilitado pela conicidade adequada do artefato.

Nesse exato momento surgem duas questões:

1) O porquê das pessoas jogarem as cestas de modo displicente, deixando a encrenca para quem vem depois. Assunto para outro e-mail!

2) O porquê ninguém na fila se manifestar, reclamando com quem deveria ter o cuidado de encaixar a cestinha com as alças para fora, permitindo que o próximo cliente repita a ação sem ter que catar a cesta anterior, arrumando o que já deveria estar arrumado.

Nosso povo maravilhoso não reclama com gente folgada porque reclamar é feio! Reclamar é coisa de pobre!

Eu penso diferente! Quem não reclama, é porque lhe falta aquela ATiTUDE! Quem não reclama não é patriota, não gosta do Brasil como deveria gostar! Quem gosta do Brasil e vê cenas como essa "bobagenzinha" que acabo de descrever, certamente questionará o quanto "bobagenzihas" como essas prejudicam a economia do país, participam do tal "Custo Brasil"!

Se as pessoas reclamassem com quem quer levar vantagem a todo custo e nas mínimas coisinhas, se as pessoas apontassem de modo sereno o que outra gente qualquer está fazendo de errado, prejudicando a coletividade, com o tempo essa gente folgada pensará duas vezes antes de cometer um deslize.

Reclamar não é fácil! Mesmo que a gente sinta no fundo do coração a agressão por parte de gente mal educada, o nosso tom de voz deve ser brando, deve ter a doçura de uma professorinha de pré-maternal, pois nesta nossa terra apaixonantemente pirada existe um fenômeno único no mundo: o de perder a razão!

Se a gente reclama com alguém que nos causa algum prejuízo, atrasando alguma ação nossa ou colocar nossa vida em perigo por desobedecer alguma lei de trânsito, dirigindo de modo ofensivo, não é raro que o infrator negligente e criminosamente displicente abra a boca dizendo:"Precisa essa agressão toda? Precisa disso??" Pronto! De agressor, o filho da mãe passou a ser vítima... e a vítima perdeu a razão, tornando-se num passe de mágica no pior de todos os vilões! Coisas da Bahia!

Está na hora de mudar isto!

Simplório taverneiro que sou, vivo diariamente um bocado de situações em que gente folgada tenta "invadir a minha praia", querendo transformar o meu espaço austríaco num boteco qualquer. Gente que vem de roupa de banho, quer apenas encher a cara, quer apenas usar o nosso banheirinho limpinho com o pé cheio de areia da praia do Porto da Barra, quer por o pé ou a perna na cadeira ao lado... sem falar do poder público que não faz a parte dele. Não é fácil manter a ordem quando o bairro inteiro parece conspirar contra o nosso restaurantinho temático e a favor da baderna. Não importa o que acontece nos bares na vizinhança! Eu cuido dos poucos metros quadrados que me cabem na Rua Cézar Zama no Porto da Barra. A minha clientela sabe que vindo ao Bistrô PortoSol vai encontrar um espaço austríaco bem parecido com o que havia na Europa ainda no pós-guerra. Naquele tempo vivemos um período precioso de ordem e de progresso!

Talvez seja isso que me autoriza a dizer todas essas besteiradas com que acabo de tomar o seu precioso tempo agora.

abraços gastro-etílicos


A publicação deste crônica foi autorizada pelo seu autor.;

Reinhard Lackinger