domingo, 10 de maio de 2009

As tampinhas plásticas do avô Bartolo





Em junho de 2004 quando completamos 50 anos de casados, tivemos que fazer uma opção. Uma festa convidando os amigos e agregados, ou uma viagem. Era tempo que a Paola desejava visitar São Luiz do Maranhão. Ela tinha visto tanta coisa na TV, que criou o desejo de ir até lá. Claro que optamos pela viagem e fomos diretamente para São Luiz onde ficamos algum tempo. Nós mesmos, fomos os nossos cicerones . Nos habituamos a ir almoçar diariamente , com exceção dos sábados e domingos , que, para nós , passaram a ser problemas, num restaurante do SESI , na verdade uma escola profissionalizante, formadora de garçons para o mercado.

Não fomos aos Lençóis maranhanses porque precisaríamos de uns três dias e eu considerei a excursão cansativa para as minhas condições de atleta já da terceira idade. Compramos alguns pequenos passeios locais .

De lá, fomos para Fortaleza. Pegamos um belo hotel na Av.Beira-mar, ponto chique e privilegiado na capital cearense , bem em frente ao calçadão e com direito a janela com vista para o mar e até aos pores-de-sol de todos os dias, que sempre foram maravilhosos. À tarde, íamos nos sentar à sombra de belas árvores apreciar o movimento de muita gente fazendo cooper e das madames passeando com os seus cãezinhos. Se vende de tudo no calçadão, mas a nossa preferência recaía na água de coco e no milho cozido , que passou a ser, praticamente, o nosso jantar de todos os dias . Depois, era só tomar um expresso num supermercado da rede Extra, pertinho do hotel.

E foi aí que começou a brincadeira das tampinhas. Aquelas garrafinhas que o hotel colocava no frigo-bar, eu as sorvia de uma só vez , eram caras e necessitávamos de muitas delas durante o dia. Devido ao calor, bebíamos muita água . Descobrimos, pela redondeza, um depósito de refrigerantes e de água. Assim , comprávamos diversas garrafas de 2 litros por dia e as colocávamos no frigo-bar. As garrafas vazias, eu as colocava no cestinho do banheiro e as tampinhas eu as jogava , displicentemente , numa sacola que permanecia sempre aberta e foram-se juntando. E a Paola sempre me perguntando: e o que é que você vai fazer com essas tampinhas ? Eu achava engraçado e continuei com a brincadeira, recolhendo tampinhas e jogando-as na sacola , sempre esperando a reclamação...

Já tinha uma boa quantidade , quando partimos para Recife, onde continuei a coleta. Voltamos para Salvador , dei seqüência à brincadeira onde quer que fosse, sempre sobre a pressão da pergunta:o que é que você vai fazer com essas tampinhas ? Um dia , separei 24 , 12 brancas e 12 vermelhas, enchi-as de cimento . Depois de secas , colei um feltro que recortei direitinho e pronto.Tinha preparado o conjunto de pedras para o meu tabuleiro de dama , cujas pedras originais ninguém mais sabe onde andam . O tempo foi passando e aos poucos fui deixando a brincadeira de lado , mas guardei as tais tampinhas.

Numa bela tarde, ao abrir o micro, encontro um mail do meu filho Cláudio, pai da Ximbiquinha. “ Preciso de tampinhas plásticas “ , dizia o mail. Respondi pela mesma via : “ explique melhor o que você quer “.Resposta : daquelas que você andou colecionando. É para a Ximbiquinha levar para a escola. A professora pediu ... Entendi que era para algum trabalho das crianças e achei graça. Eu tinha as tampinhas que agora teriam uma utilidade qualquer. Pedi a Teté , a secretária aqui de casa , uma figura engraçada , para verificar onde estavam e que trocasse de sacola . Levei-as para o trabalho de Cláudio e entreguei a encomenda. No almoço do dia das mães, que , por motivos prático , foi antecipado, este ano, para o sábado , perguntei à Julia, minha nora , quase que em tom de gozação , mas era gozação mesmo : foram suficientes , as tampinhas que mandei ? Ah, disse ela : a pró até que mandou agradecer porque parece que a quantidade que mandei resolveu o problema de todas as criança que tiveram dificuldades em conseguir as tampinhas. Mas eu não mandei todas não. Guardei a metade para quando ela pedir novamente ! No ano passado, a professora pediu que cada criança levasse 25 tampinhas de cerveja, logicamente que de metal. Tive dificuldade em conseguí-las e então recorri a um amigo dono de um bar na pracinha do acarajé ...

O que fizeram , não sei , mas, agora, pensando bem, vou continuar a coleta. Não vai demorar muito e a Graziela , a outra netinha , terá que ir para a escola . Certamente vai precisar das tampinhas que o maluco do avô anda enfiando no bolso por aí, deixando as pessoas curiosas !...Em casa, ninguém mais critica a minha mania de guardar as tampinhas, afinal , ficou provado que elas têm uma utilidade e o avô também...

Sarnelli ,10.05.2009


Um comentário:

  1. Bartolo, trabalhando em escola, sei bem da utilidade das tampinhas! Dá para fazer inúmeros trabalhos com elas! rsrsrs Mas não pensei que um avô só resolvesse o problema de tampinhas para uma turminha inteira! Viva o vô Bartolo!

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