sexta-feira, 8 de maio de 2009

Salvador colorida , no Porto da Barra







Hoje, está indo ao ar uma crônica do meu amigo Reinhard , o simpático taverneiro dono do “ Bistrô Porto do Sol “ , bem ali no Porto da Barra , o austríaco mais baiano que conheço !




Você já reparou direito nas fotos que nos mandam do velho continente via e-mail?
Aquelas imagens eletrônicas que mostram amigos e conhecidos agasalhados de
braços abertos em meio a paisagens e cidades da Europa. Aquilo tem algo em comum...

Quando descobri o que era, resolvi fazer um estudo um tanto empírico, cujo
resultado não posso e nem quero guardar só para mim.

Decidi eliminar de meu estudo os 32% da área média das fotos contendo aqueles
turistas acenando para a câmera, o céu nem sempre azul, o mar, além de prédios
modernos e aqueles construídos com recursos financeiros oriundos das veias abertas
da América Latina. Detalhes que naquele momento não interessavam.

73% dos 68% restantes de área das fotos eram canteiros de flores e 31,5% passeios
e ruas limpíssimas com uma ou outra cesta de lixo, porém sem nenhum papelzinho
e sem baga de cigarro no chão.

Se esses retratos fossem tirados uns 15 dias atrás, mostrariam a terra dos canteiros
revirada, com jardineiros e paisagistas e seus respectivos aprendizes de macacão
removendo os restos de tulipas, de narcisos, preparando a terra para logo em seguida
plantar flores "de época". Os bulbos de tulipas e narcisos seriam guardados para
o ano vindouro, quando logo após o inverno irão alegrar novamente os olhos do
público.

O leitor atencioso deve estar sentindo falta de 0,5% de área das fotos de paisagens
e cidades europeias enviadas por e-mail. 0,5% em média, mostram transeuntes,
pedestres, gente esparsa ao longo de passeios e em meio a calçadões e praças.

O que as tais fotos não mostram é o tédio que eu sinto ao contemplar tamanha lindeza.
É verdade que paisagens e cidades cheias de flores são lindas, mas sem um pé de gente
são um pé no saco... com o perdão do trocadilho chulo.

Cheguei onde queria com essa crônica de pura apologia à nossa querida cidade do
Salvador... por ocasião dos festejos de meus 40 anos de Brasil e de Bahia.

Para quem não compreende o porquê eu ter decidido deixar a Áustria e preferir e adotar
esta terra apaixonantemente maluca, uma dica: mais vale a vida dessa gente colorida em nossas ruas e praças brasileiras do que todos os canteiros de flores do primeiro mundo.

Salvador, 8 de maio de 2009

Reinhard Lackinger


Um comentário:

  1. Reinhard não deixa de ter certa razão - não há nada que se compare com a VIDA que existe no Brasil: a VIDA que está presente nos olhos deste povo lindo, resultado da miscigenação; a vida que está presente no calor humano desta terra, nos risos, na espontaneidade... Mas, cá para nós: em Salvador e em quase todos os recantos do Brasil, se podia cuidar um bocadinho mais dos lugares... Não fazer xixi na rua... não escarrar em lugares públicos... lembrar que lixo deve ir para o lixo - e não para o passeio público...
    Seria o máximo!

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